Gigi e Myra
conversa entre irmãos

lunedì 19 luglio 2010

Love Supreme - iosif landau - novembro 2008-foto da Web


nem agnóstico nem ateu nem nada e se acreditasse em algo era na musica e no cinema e dentro da musica o jazz e no jazz o mainstream e no cinema o film noir e autodidata se aprofundou no assunto lendo livros publicações, artigos, críticos, ouvindo, vendo, assistindo, guardando o que achava relevante e eram apenas naqueles assuntos que elevava a voz e omitia opinião e ao longo dos anos criou pequena fama como connoisseur e com escassa freqüência era solicitado a dissertar na presença de audiência a convite de amigo e nesse presente momento, curiosamente, a pedido de um padre que conhecera do tempo que trabalhara na PUC para que mesmo sem ter crença, falasse aos jovens da paróquia algo que dentro do seu conhecimento margeasse a religiosidade e assim num pequeno auditório introduzido por um rapaz moreno e educado que escusava a ausência do padre amigo por estar aquele junto a um paroquiano quase falecido sem mais rapapé iniciou sua oração, mas antes colocou na mesa o pequeno ipod e minúsculos alto falantes, colocou os óculos, espalhou a sua frentes algumas fichas com anotações::

– há 40 anos, na data de hoje, o saxofonista John Coltrane gravava à frente de seu quarteto o álbum A love supreme um dos mais belos, profundos e memoráveis momentos da história do jazz e quando o grande músico entrou no estúdio de gravação acompanhado do seu já célebre quarteto não imaginara registrar uma obra-prima tão referencial no jazz como West End blues de Louis Armstrong, Black and tan fantasy de Duke Ellington, Koko de Charlie Parker ou Kind of blue de Miles Davis e no...– , ...ligeiro zumzum na audiência o fez parar, alguns de pé olhavam pela janela, continuou, –...no fim de 1964 alguns anos depois de ter vencido um difícil corpo a corpo com as drogas e o álcool, Coltrane já vivia nas nuvens da espiritualidade e no final de 1964 culminou numa longa obra-prima espiritual A love supreme...–, o arrastar de cadeiras o interrompeu de novo, observou a saída de parte da audiência,ligou o ipod, o saxofone de Coltrane inundou a sala continuou,–... essa composição foi uma ponte que ligou os patamares anteriores a alturas bem mais acima e naquela época ele estava muito firme nos seus sentimentos em face de Deus e essa sublime oração de Coltrane é uma obra quase toda improvisada durante pouco mais de 30 minutos, dividida em quatro partes: Aknowledgment, Resolution, Pursuance e Psalm, a suíte começa com o toque de um gongo, para indicar que se trata de um ofício solene, o tema básico da suíte surge no fim da primeira parte e é formado por quatro notas a-love-su-preme....ele aumento volume do som... – que não são apenas sopradas pelo seu sax tenor, mas...–, o pequeno auditório estava vazio, de fora entrou pela janela aberta o barulho de batucada acelerada, ele desligou o ipod , teimou e findou a fala, faltava pouco,–... mas também repetidas com sua voz grave, a simetria inicial vai aos poucos dando lugar ao expressionismo assimétrico dos solos do sax, em meio às explosões coloridas da bateria, à obstinação do baixo e aos interlúdios do piano, Resolution é um glorioso sermão musical em que os sons de Coltrane' dançam em redemoinhos cromáticos, com súplicas e até imprecações sofridas, no registro agudo do instrumento, a música encantatória de Coltrane atinge o ápice na terceira parte da obra, Pursuance que deságua, sem interrupção nas profundezas de Psalm..........

2 commenti:

  1. Um texto que arrepia. Coltrane não pode ser entendido por todos. Mais, Coltrane é dificilmente entendido por alguns. Um génio que ninguém critica, mas poucos entendem. A sua força espiritual, fazia dele um instrumento divino. Um discurso contínuo e esmagador. As notas não interrompem. A música é, ora agreste, ora romântica, sem paragem. As improvisações de Coltrane não são solos que intervalam no meio de outros solos, numa abordagem formal e estereotipada em que o jazz se tinha transformado. Coltrane inventou o discurso no jazz. Um discurso torrencial e único. Difícil, inemitável, único.

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  2. Você me fez lembrar o quanto ele gostava de jazz.

    abraço querida.

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