Gigi e Myra
conversa entre irmãos

domenica 31 gennaio 2010

A Porta - escrito em 2008 por Iosif - foto Dominique Landau



não há quem não pare em frente a uma porta
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você entra como um ator no palco
dar aquele passo e de improviso assumir papel
numa comedia numa tragédia ou numa farsa
já passei pelo umbrais de muitas portas
reais ou imaginárias
cada decisão é um ingresso sem retorno
pisou num recinto desconhecido
esta sujeito ao mergulho num poço sem saída.
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entrar num consultório de medicote
custa os olhos da cara
adoece só de raivas
se tá fodido entra vivo e sai morto
as portas imaginárias são as piores
é empurrado pelo invisível
pelo destino por ti escolhido há muito tempo
não tem fuga nem conversa
está escrito está ferrado
não escapa
a historia não fala dos covardes
vivo a mitologia incorporo um herói de Homero
vivo minha própria Odisséia
escapei da Tróia nazista
jurei nunca mais fugir de nada
“seja corajoso e a vida virá ao seu encontro”foi o que Goethe uma vez dissera
e assim numa noite de lua cheia
fui arrancado da mesa de jantar
pra apaziguar uma ânimosa beira de um ataque de nervos sangrento
operários de um lado
milícia armada embalada do outro
morto estendido na lama dezenas de feridos
me meti no meio braços estendidos
ao Leste e ao Oeste
um Hercules micha um Aquiles vulnerável
cuspi palavras valentes
assumi pose de templário
"Pauperes commilitones Christi Templique Solomonici"
blefei com um par de sete na mão
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verfiquei com todas as fichas
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o jogo melou
os Ciclopes se afastaram
embarquei de volta pra Eólia
sem abraços sem louros sem nenhum obrigado
porra! o herói cômico devia ter ficadona mesa de jantar comer sua jaca
Baphomet vá catar outro otário!

sabato 30 gennaio 2010

Circe te escreve:


“O Zé está muito vivo em mim. Sinto-o presente.Da úlima vez que nos vimos, numa mesa de Bar, aqui no Leme, na Fiorentina, ele tinha um copo de chopp numa mão e um cigarro na outra. A despeito da idade, sua voz nunca perdeu a força e esta emanava dele todo. Seu irmão foi uma pessoa muito especial. Fazia-me lembrar do meu irmão mais querido que já se foi há anos, deixando-me numa grande orfandade. Eram pessoas muito diferentes e, ao mesmo tempo semelhantes, na inteligência, na cultura, na delicadeza de sentimentos em meio a gestos e atos rudes; mas principalmente, na capacidade de amar seu semelhante sem restrições – ou dar-lhe um murro na cara se fosse preciso"

venerdì 29 gennaio 2010

foto Dominique Landau


TIO GIGI


Eeeh Tio Gigi, aquí fala uma parte da tua familia.
Eu sou Dominique que ha construido junto com o Jan (a ex máquina infernal) o teu ramo europeo-judeo-chinês.
A gente sabe muito bem o destino desta tua viagem: o nosso coração. E do nosso coração não tem escape! Vôce tem feito tudo para fazer os vínculos indestructiveis.
Conosco vôce da toda a vida. Lembranças da infancia: vôce mi carregando nos tuos braços fortes, as tuas palavrinhas de carinho, as cosquinhas que eu te pedía – e vôce imitándome: "Faz cosquinhas, Tio Giiiiiiiiiiiiigi".
Para mim vôce e Tia Lia são o Brasil, o país que tive que deixar sendo criança ainda, mas que sempre tem estado nas minhas entranhas. Voltar pro Brasil era voltar a vôces, meu farol! Essa mesma luz vôces são também para os nossos filhos. Tamara se lembra como o dia de ontem a tarde chuvosa onde vôce e ela virão juntos o film na tv Priscilla, queen of the desert... Con Marco e Mauro, que te adoram de verdade, vôce teve conversas picarescas-provocadoras, e mas tarde muito profundas também.
Sei que era dificil para vôce abrir o teu coração tímido, mas sei também que, quando tu o fazias, o sentimento era muito profundo.
Tio Gigi, nos estaremos muito perto da Tia Lia, a tua companhera de toda a vida, e a través dela muito perto de vôce.
Meu Tio Gigi, vôce é e será sempre o meu único e querido bicho papão!

Fala Mauro:
Tio Gigi, não vou jamais esquecer de vôce. Lembro quando Marco e eu fomos passar as férias lá com vôces, ainda crianças. Lembro a sua voz profunda e simpática. A gente olhaba filmes, escutava música jazz e conversava muito. Vôce sabe tanto! Eu aprendí muito de ti. O teu talento de poeta, a tua sensibilidade e olhar para o mundo, teve um impacto enorme na minha vida. Jamais vou esquecer esse ano que eu passei no Rio, ha 3 anos atrás. Visitaba a sua casa quasi todos os dias. Eu ia comer à sua casa. A gente conversaba muito. E quando eu fiz meu barmitzva vôce veio para a sinagoga. Isso não vou jamais esquecer. Foi tão importante para mim que vôce estivesse lá esse dia. Vôce para mim foi, e, e sempre será a minha ligação com o passado. Eu sempre falarei de vôce para minha familia e sempre lembrarei o grande homem que vôce foi.
Agora vôce está em viagem para se reencontrar com vovô Li, e vovó Lena, e todos os outros amigos que ja foram para o outro lado. Desejo que sua viagem seja acompanhada de amor, paz e tranquilidade.
De aquí em Jerusalem, a cidade santa, rezo por ti, para tua elevação espiritual aos mundos superiores. Com certeza depois de uma vida tão bem sucedida vôce deve estar bem recibido la encima. Vôce teve um impacto enorme na nossas vidas. Que a sua lembrança fique conosco todos os dias da nossa vida e que a gente possa dizer que a partir de hoje fomos melhores pessôas graças a voce. Aprendimos a da tua sensibilidade, da tua honestidade, da tua verdadeira preocupação pelo mundo e os outros. Obrigado Tio Gigi por todo, eu não vou esquecer de vôce, jamais, vôce vai ficar no meu coração para sempre, até a gente se reencontrar onde for que seja.
Shalom
Mauro Landau, Jerusalem

mercoledì 27 gennaio 2010

tres amigas de Iosif que eu tambem conheço...

Fernanda Cabral, cearense convicta, patriota nordestina, conheci-a na Internet, "panfletando" e brigando contra o preconceito à brava gente do nordeste brasileiro. Abracei sua causa sem hesitar. Essa região que bem conheço, para mim é o berço da brasilidade em arte popular ou erudita, escrita ou cantada, esculpida ou pintada. Ficamos amigos internautas, tive o privilégio de conhecer a grande dama pessoalmente em Fortaleza, soberba anfitriã, mãe de belos filhos, e com orgulho lhe dei os parabéns supermerecidos quando ela abdicou em parte da escravidão caseira, ao se formar advogada junto com a filha e, não se surpreendam, também com a sua mãe. Que magnífico exemplo de mulher brasileira. Fernanda, sinto por você imenso carinho e infinita admiração, eternamente.

Circe Vidigal, Phd em um monte de assuntos, socióloga e professora, anda pelas estradas e céus dessa terra brasileira, leva conhecimento aos mais escondidos recantos, não é mais jovem nem tem mais saúde de menina, mas tem uma coragem infinita, é polêmica, briguenta (no melhor dos sentidos), é voluntariosa, teimosa, mas tem a doçura de mãe e avó. Meu carinho por ela é de irmão, pai e filho, mora no Rio, no mais belo recanto de Copacabana, o Leme, é a única a quem deixo me chamar de "Zé". Circe, minha fofa de olhos verdes, te amo de verdade, amiga.

Silvana Guimarães, que ser humano superlativo, doce como um querubim, minha Gioconda misteriosa, poeta de primeira linha, tem no sangue a herança de gigantes da literatura, milita com delicadeza e inteligência em suplementos literários, é conselheira abnegada de "pretensos" poetas, eu um deles, a quem ela ensina com firmeza como ser melhor na escrita. Honra-me por ser a primeira leitora dessa "Memória Tumultuada", escrita num afã incontido. Sem coragem de rever e reler, mandei-a para ela, será a autora do prefácio, um privilégio inesperado. Esta mineira de Belo Horizonte tornou-se minha amiga e conselheira, não passo um dia sem falar com ela, por correio eletrônico ou telefone e para firmar nossa bela relação, deixo que ela me chame pelo meu apelido que apenas meus familiares conhecem. Silvana, viver até agora e conhecer você, tornou mais rica a minha existência, muito obrigado.


P.S. eu ( myra ) sei que faltam outras muitas amigas e tambem amigos, peço desculpas por nao
os /as mencionar- nao consigo seguir lendo ....
é demais minha emoçao ...

martedì 26 gennaio 2010

teco teco- outro trecho de Memoria Tumultuada


Os desastres, na sua grande maioria, acontecem à noite, no transporte de operários, carga perigosa, muda o centro de gravidade com constância, motorista afoito e curva mal transada, o caminhão tomba, mais vítimas fatais. E eu a lamentar e xingar-me, sentia-me culpado, como se fosse eu quem guiasse o veículo. O trator é máquina fatal, o tratorista não tem visão traseira, o trabalho dele é de vai e volta, é obrigado a trabalhar com um ajudante para afastar os incautos, gritar "cuidado!", à noite, uma lanterna sempre acesa, às vezes eles mesmos vitimados, o que fazer contra a fatalidade? Capacete na cabeça é obrigatório, alguns desobedecem, tudo na obra é perigoso, qualquer pancada e acontece o imprevisto, não dava para entender a razão pela qual não cuidavam da própria segurança. No início de todo empreendimento tudo é precário, não há ambulatório, pronto-socorro, que Deus ajude. Dois feridos graves na capotagem de uma caminhonete, pedido de socorro pelo rádio, urgência de avião para remoção, espera perto da pista de pouso, tempo fechado, nenhuma possibilidade. Morreram aos poucos, eu segurando a mão de cada um, não me esqueço. Chovia muito, dias a fio, o Rio Iguaçu subindo caudaloso, previa-se que a ponte poderia ruir se assim continuasse, a todo instante eu era informado, muitas providências a serem tomadas, a chuva continuou, confirmou o previsto, vi a ponte ruir, o peso da água mais a barragem de destroços encostadas no tabuleiro, um estrondo ensurdecedor, apenas os pilares permaneceram espetados. Lengalenga burocrática -- a quem cabia a reconstrução, ao DER-PA ou à Eletrosul -- nunca resolvida, a comunicação entre as margens era importante para o transporte de carga e gente, muitos operários, morando do outro lado. A solução aprovada pela Capitania dos Portos foi uma balsa, caminhões e pessoas ao mesmo tempo, de noite, sempre à noite. A balsa adernou por excesso de carga, poucos foram resgatados. Trinta desaparecidos, durante dias seguidos capacetes boiando, corpos inchados às margens, não tive culpa, o controle da ida e vinda pelo rio não era de minha incumbência, mas os mortos eram meus homens, meus companheiros de trabalho, nunca me refiz da tragédia. O Brasil cresce grande, agiganta-se, obras importantes, todos os anos, meses e dias, morrem operários, ninguém dá importância. Eu nunca os esqueço!
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Estou ao volante de uma caminhonete, viajando por uma estrada poeirenta no interior do Sergipe, a caminho de um vilarejo, Carira, estou enjoado, encosto junto a um barranco, desço, vomito...
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Acalmo-me. Manobro e tomo o caminho de volta ao acampamento em Estância. Sobrevivi. No vilarejo Poço Verde.
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Estou no teco-teco, no interior de São Paulo, perto de Marimbondo, o pôr-do-sol se aproxima, é um vôo visual, sem instrumentos, a tempestade de vento levanta poeira vermelha, a torre de Marimbondo avisa: ventos de mais de cem quilômetros horários atravessando a pista, impossível aterrissar, a alternativa é São José do Rio Preto, visibilidade nula, apenas um pedaço do céu visível, embaixo a estrada para Goiânia, o piloto sugere pouso forçado, pego a carteira no bolso, abro, retiro a foto dela e deles, sei que não os verei mais... No horizonte, próximo à torre de uma igreja, mando sobrevoar a cidadezinha, há um campo de futebol embaixo, mando pousar ali, estamos salvos, nunca mais esqueci o nome do lugar, Olímpia, os deuses sempre presentes. Canteiro de obra, 1977, uma bagunça, sou o novo supervisor da empresa, meu primeiro dia, dou ordens imediatas, enérgicas, o engenheiro recém-formado olha-me assustado, quando expulso o fiscal debochado da sala, em poucas horas, tudo organizado, o jovem me diz "agora sei o que significa ser engenheiro!". Desembarco em Bauru, sou levado para o museu da CESP (Companhia Energética de São Paulo), vinte e cinco anos de comemoração da inauguração de obra importante e pioneira, da qual participei ativamente.
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faço discurso de improviso, sou aplaudido, abraçado, recompensa tardia, 1993.
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Uma pergunta não cessa de me perturbar, de me perseguir: o que acontece, que só os corruptos, os safados, os pilantras e os mal-intencionados encontram o caminho do poder, do comando da nação? Será que em algum momento da sua existência, eles foram como os universitários que conheci? Se foram, por que razão mudaram? Filosofar não adianta, nem estou capacitado para tanto, só me resta concluir que o ser humano nasce com o vírus, com a semente da ruindade, do desvio de conduta.
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Chega de saudade, chega de conversa!

lunedì 25 gennaio 2010

mais um pedaço de Memoria Tumultuada


Arriscar a vida,
a integridade física:
o motivo é justo?
É sua obrigação?
As respostas são imprecisas, dúbias..


Na construção da
Hidrolétrica de Salto Ozório ......................................................................................

... Cinco mil operários trabalhavam em dois turnos, tudo perfeito, tudo sob controle, tudo no prazo, nenhum problema...Regularmente vinha um diretor da sede para inspecionar. Naquele dia houve um incidente durante a tarde, um operário fora morto pela milícia particular contratada pela dona da obra, a Eletrosul.
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Ilusão, operário é rude, solidário, haveria tumulto e, consciente disso, eu me entendera com o comando da milícia, para que seus subordinados se mantivessem calmos . O acordo fora aceito.
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Saí com o encarregado dirigi-me à praça de guerra. O ronco do motor irritava meus ouvidos, o veículo balançava com violência, minhas costas doíam, o pessoal da oficina nunca obedecia, ponham menos pressão nos pneus, eu recomendava, nada feito, em obra o que mais eu ouvia era sim senhor, ainda não descobrira se era burrice, teimosia ou indisciplina, mas isso agora pouco importava, sim senhor, sim senhor, era o que queria ouvir daqui a instantes, Deus faça-os obedecerem, rezava. Sim senhor, sim senhor, era o que eu balbuciava. ...
A zoeira das perfuratrizes trouxe-me à realidade,entrei no fusca, acionei o motor, as gralhas pousadas na cerca levantaram vôo e sumiram no meio dos pinheiros. O céu azul, desprovido de cortina poluidora, machucou-me a vista, o ar puro penetrou nos pulmões, tossi, acendi um cigarro, o estômago doeu, peguei o rumo da cantina, uma data projetou-se em minha mente. 12 de abril, o rio estaria na sua cota mais baixa, a segunda fase do desvio a ser executada, eu, o poder absoluto, faria acontecer, eu, o poder máximo, comandava cinco mil operários......
Minhas mãos crisparam-se no volante, a respiração ofegante fez-me jogar o cigarro pela janela, naquele preciso instante a sensação de felicidade envolveu-me com irresistível doçura...
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...Ao longe a visão noturna assustadora, dezenas de luzes piscando em meio à bruma do vale. Poeira? Não dava para distinguir, o martelar das perfuratrizes penetrava nos ouvidos, o ronco entrecortado dos scrapers e tratores completava a harmonia, com certeza, foi nesses sons que Schomberg se inspirou ao compor suas dissonantes sinfonias, ou talvez Thelonious usou-os nas suas peças jazzísticas, comecei a rir, diletante das artes, o pessoal zombava, não me incomodava, até gostava, a todo o momento eu citava escritores, compositores, diretores de cinema, era o modo que dispunha para espantar a reclusão. -- Que foi, doutor? Como explicar que deixara para trás centenas de CDs, estantes cheias de livros, dezenas de vídeos e viera isolar-me neste fim de mundo? Não saberia como....
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Meu pai impôs-me a sua autoridade. O dilema na minha alma de engenheiro errante e de meus reais anseios ainda perdura, pergunto-me se não cometi uma tolice ao lhe obedecer, a hipocondria que atola meu ser é insuportável, sinto-me acabado, meu sistema nervoso não foi feito para essa quantidade de afecções deprimentes, pouco estéticas, perco-me em mim mesmo... ........................................................................................................................................................................
... --Doutor, como vai acabar essa bagunça? Senti a boca seca, depois de dezenas de cigarros perdera o paladar......
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a estrutura da barragem despontava ameaçadora de dentro da rocha escavada, o ritmo incansável da concretagem, o som metálico dos vibradores, o vaivém dos scrapers na jazida, os tratores empurrando blocos de pedra, tudo pulsava ao redor, do fundo do canal de fuga sentia-me todo poderoso, tinha certeza, 12 de abril, 12 de abril......
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Doutor! - os meganha fuzilaram um dos nossos no acampamento. Eu tremia dentro da japona, o frio, o medo e a incerteza deixaram-me febril, minha existência, eterno desafio, não desafiou o seu pai e agora você quer se redimir, repetia sem cessar uma voz interior, infantilidade, você é maluco, quer atos heróicos, um possuído pela síndrome da auto-afirmação.......
Doutor, estamos quase chegando. As luzes do acampamento surgiram à frente, estremeci, o gulag está próximo, homens sem futuro e com passado duvidoso ali residiam, amontoados em quartos com beliches, sem lazer, sem mulher, homens que pegavam no pesado, e recebiam salário mínimo como recompensa, no entanto, eram o coração da obra, eu os entendia, mas nada fizera para mudar o statu quo, seguia as regras, eu também lutava pela sobrevivência.......
Doutor, olha o fogo, tocaram fogo..... O tenente da milícia recebeu-me cortês, senta doutor, permaneci de pé, o relato verbal foi sucinto, o elemento não obedeceu à ordem de parar, avançou ameaçadoramente em direção ao praça, este não teve alternativa e atirou, infelizmente, ocasionou a morte do elemento, mas, tenente, um embriagado? Seria fácil subjugá-lo, doutor, temos que impor a ordem.. .Consegui a promessa da milícia de permanecer no quartel nas próximas vinte e quatro horas, o confronto tinha que ser evitado. A caminhonete atravessou o portão, parou no pátio, saltei. Sete Léguas, o baixinho, espécie de mascote, puxou-me pela manga, doutor, socorro, vi o sangue escorrer pela sua face, olhei ao redor, rostos amedrontados fitavam-me, doutor, eles bateram em nós, nós dormindo, nós que tavam no chuveiro, na casinha, em todos, todos... Vidros estilhaçados, portas arrombadas, um vaso de louça partido, a luz morna , levem os feridos para o hospital e apaguem o fogo, ordenei, não ouvi o sim senhor, aproximei-me do destacamento, mosquetes em posição de tiro, o tenente à frente de arma em punho......Fizeram arruaça, doutor, rece...
Quis voltar ao passado, mas qual dele? ... Voltar é sempre ruim, o caminho através da porta da mente é doloroso, teria que viver mais vinte, trinta anos, para que eu pudesse saber quem eu era, porque me encontrava aqui nesse preciso momento, o mundo que cresci era melhor do que esse em que vivo hoje........
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...bemos ordem , tivemos que controlar a situação...
Senti medo, vi os operários aglomerados ao redor, não haviam rostos amedrontados, apenas curiosos, alguns sorriam, o verdadeiro inimigo era eu, candangos e milicianos eram a classe inferior, os oprimidos.
Eu representava o patrão, era o responsável pelas suas vidas miseráveis, alçapão do destino, ...... acendi um cigarro, queria ganhar tempo..........
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...... já me disseram inúmeras vezes "cara, vê se te manca, tua cara agride...". Eu tentara debater o incidente da tarde, desconversaram, isso acontece, não esquenta, obra é assim, coisas da vida... Duas tragadas no cigarro, joguei-o no chão, pisei em cima com a bota.-- O combinado, tenente? Grossos bigodes desafiavam.... Viraram um carro.... Não me parece que agiu de modo inteligente, respondi .... --
Desculpe-me o palpite talvez meu pessoal tenha exagerado... Minha posição, eu sabia, enfraquecera, senti meu rosto tenso, a roda de homens aumentava, o olhar dos candangos era mais incômodo que a arma apontada. Eu, o perdedor, o bobo da corte, merecia estar nesse fim de mundo, isso é ser engenheiro? Não fui talhado para ser John Wayne, Gary Cooper, é meia-noite, não é meio-dia, droga, isso é hora para pensar em filme? Olhei por cima dos ombros do homem à minha frente, um pelotão de vinte meganhas, cassetete numa mão, mosquete na outra, rostos indecifráveis na sombra dos capacetes, não tinha dúvida, obedeceriam cegamente à qualquer ordem, serão analfabetos? Com certeza, de onde são? Irmãos de origem e da ignorância em confronto, eu, o intelectual, regredindo à primata, de que lhe serve todo esse saber? Vi-me estendido no chão, sombras em volta, cochichos, não quero padre, não... O som seco do engatilhar assustou-me....
Tenente, guarde sua arma. Ouvi tosses, ouvi risadas, o homem à minha frente parecia divertir-se, coloquei a mão sobre a arma apontada, por favor, tenente, o suor escorregou da nuca dentro da camisa, isso não é jogo de pôquer, seu idiota, pensei...., os ruídos longínquos da obra não são trombetas dos santos alados, desista, ninguém liga para essa baboseira, senti-me um tolo, apertei os dedos, a mão armada cedeu, virei o rosto, deu tempo ao tenente para guardar o revólver......
Tenente, manda seu pessoal baixar os mosquetes. O cerco dos homens cada vez mais próximo sufocava-me, o odor de suor e cachaça entrou pelas minhas narinas, senti ânsias de vômito..... Tenente, obrigado, agora dê ordem de meia volta, volver. Pés arrastaram-se sobre pedriscos, o odor de suor e cachaça mais próximo....
Tenente, o pessoal tá cercando. Sim senhor, sim senhor, voz solitária, depois mais outras, todos em coro, tive vontade de gritar "Parem! Parem! Não agridam!". Mas permaneci calado, imóvel, sabia que a exclamação coral não passava de deboche jocoso dirigido a mim, sorri, ainda vou levar a melhor. Olhei o relógio, duas da madrugada, faltavam cinco horas para a mudança de turno, escutei a ordem dada pelo tenente, vi a tropa retirar-se em silêncio pelo corredor humano aberto no meio dos operários, esperei o último meganha sumir na noite, coloquei um cigarro entre os lábios, apaguei a chama do isqueiro, chamei um dos encarregados: Junta o pessoal!
Sim senhor.....
Todos pra revezar o turno da noite!
Mas, doutor, se me permite... O movimento da minha mão calou-o. Todos! Sim senhor! Joguei o cigarro aceso no chão, apaguei-o com a bota, fora um aperto, mas tudo estava resolvido.
Voltei à casa de hóspedes.................................................. ........................................................................
Como foi? Ouvi, não respondi. ..... fui para a minha choupana.
Orgulho-me para sempre desta noite, foi em 1973.

domenica 24 gennaio 2010

hoje Domingo de frio e chuva aqui estou


meu querido, um Domingo um poco diferente dos outros muito solitarios! fui almoçar com Jan,Dominique e Marco, e foi gostoso, apesar de que eu tinha aquele horrivel problema dos vulcoes na barriga :))), e depois estivemos no apto deles vendo um film. Voltei para casa porque eu canso muito depressa... e vim te dizer algumas palavras, digamos de boa noite.Voce tem razao sabe? os velhos estamos sempre cansados e com frio! as 5 da tarde , principalmente no inverno, eu so quero cama...bem, e quem me impede?

Acabo de receber um e-mail da Silvana, tua grande amiga, que agora tambem é minha, e ela me disse que gosta deste lugarzinho nosso, aqui. Fico muito contente, espero que voce tambem.
Voce viu como recebemos comentarios?
amanha acho que vou colocar, a tua aventura com o aviao no interior do Brasil que voce tanto ama! é muito comprido o que escreveu, vou ter que cortar um pouco. mesmo se a minha vontade é por tudo, mas nao dà. Quando é muito comprido as pessoas nao lem.
Bom, agora, vou mesmo é para cama, te deixo com muitos beijos e o amor de sempre. Como ja te disse, acho, nao sei se voce esta com frio, mas eu sim sei que estou gelada!! o inverno è terrivel para mim, atè amanha.


Coloquei uma foto da Tamara qdo ela foi a Bucarest na nossa rua...espero que goste.

sabato 23 gennaio 2010

FADO . para o amigo Iosif Landau - de parte de Fred


una selva de asfalto concreto e aço,
na rotina da luta pela sobrevivência,
não há força além da aparência
nem paz a quem abraça o cansaço.
pouco a pouco, sem que percebamos,
vestimo-nos com essa vã armadura
e poucos se dão conta
da loucura onde,
desde a infância, navegamos.
assim, perdidas as afeições humanas,
amesquinhamo-nos na individualidade
e iludimo-nos buscando a felicidade
nas celas estreitas das nossas cabanas.
mas há os que transcendem este fado
no abraço fraterno do amigo resgatado

Beijos.

mercoledì 20 gennaio 2010

meu pai - Memoria Tumultuada



Jogo é vício, pecado capital,
danação, coisa do demo,
quem o pratica é um fraco,
meu pai, jogador inveterado,
fechou as portas do inferno,
levou a família ao paraíso,
por trilhar cassinos pecaminosos.

Havia uma lacuna nas minhas lembranças, ou melhor, na história de minha família: a viagem de Bucareste até o Rio de Janeiro. Eu não estivera com meus pais e minha irmã nesse trajeto e, fato inexplicável, nunca me interessara e nunca ouvira nada a respeito. Pedi à Myra, para me relatá-la. Agora tenho o que precisava.
Meu pai era um jogador contumaz. Jogava muito carteado, nos cassinos e nas viagens, um vício por muitos considerado a perdição que o levaria ao desastre, a alguma tragédia. Mas no caso dele foi a salvação.
Em Bucareste, o clube "Libertatea", freqüentado por muitos gentios e judeus, era onde ele era mais assíduo, e, como além de jogador, era um camarada muito accessível, fazia amizades com facilidade. Numa noite, inesperadamente, a campainha de nossa casa tocou. Um desses amigos, que tinha um posto relevante na Polícia, da porta falou apressado "Landau, vou levar vocês até o Orient Express, já! Você está encabeçando a lista, os nazistas da Guarda de Ferro amanhã começam a matança de judeus!". Parece que meu pai não acreditou muito, mas minha mãe, conseguiu convencê-lo e fizeram as malas. O amigo não deixou acordar as empregadas, nem permitiu que meu pai se despedisse de sua mãe, pelo telefone. Tenho certeza de que foi muito doloroso para ele, que a adorava.
O judeu é previdente, tem que ser, sempre viveu em fuga, desde o Egito dos Faraós. Havia dinheiro em nossa casa, havia barras em ouro e em moedas e muitas jóias, dinheiro não traz felicidade, pode ser, mas salva vidas. Em Paris hospedaram-se, como sempre, no Hotel Scribe, mas pouco permaneceram ali, os alemães aproximavam-se. O trem levou-os a Biarritz, a cidade superlotada, foi difícil conseguir alojamento em hotel. O velho, segundo o relato de minha irmã, viajava diariamente a Bayonne, tentando conseguir visto para entrada em Portugal e "permis de sortie" da França. Ouvia como resposta "Sales juifs, vous resterez ici a crever!" ("judeus imundos, ficarão aqui para morrer!"). O velho corria desesperado de um lado para o outro, o dinheiro não estava adiantando. Cauteloso, comprou um carro a gasogênio para qualquer eventualidade. Num bendito dia ouviu seu nome chamado, alguém o reconhecera, santo vício da jogatina, ele jogava pesado nos cassinos, era figura conhecida, o homem falou "Monsieur Landau, que faites-vous ici parmi tout ce monde?" ("Senhor Landau, o que faz aqui no meio dessa multidão?"). O anjo salvador, cônsul de Portugal, facilitou e ajudou na permissão de saída da França e com o visto para Portugal.
Sem dirigir a anos -- nunca vira meu pai ao volante, sempre tivemos motorista -- ele juntou a família e guiou até Saint Juan de Luz, fronteira com a Espanha, onde abandonou o carro e comprou passagens de trem. Viajaram sem conforto até Coimbra. Tempo depois, mudaram-se para Lisboa e depois de um pequeno empecilho -- resolvido com cinco mil dólares por pessoa presenteados a quem daria o visto para o Brasil -- e um grande gesto de coragem do Velho -- correndo o risco de colocar tudo a perder, ao recusar-se a redigir uma carta dizendo-se, ele e a família ser de credo não judeu, e sim protestante. Meu pai, com muita coragem, manteve-se firme às suas origens e Jeová o recompensou. Tudo foi resolvido com competência, depois de uma espera de meses, o embarque no navio, rumo à nova Terra Prometida.
Simples, não é? Apenas uma viagem, o quê tem isso de extraordinário?Tem sim, muito, tem o fato de meu pai ser o homem que foi, previdente, astuto, incansável, corajoso, e, ainda, ter a sorte de ser um tremendo ás da jogatina. Hoje tenho certeza, que por eu não ter participado da odisséia familiar, perdi muito, distanciei-me deles, não aprendi a conhecer meu pai nos seus melhores momentos, apenas nos piores. Talvez agora eu possa explicar nossos desencontros, explicar sua mudança no modo de ser, ele deve ter-se esgotado ao salvar a família, a saudade da mãe, deixar para trás uma vida de trabalho bem sucedido, posses adquiridas com muito suor, lembranças de infância, muitos amigos, na meia idade isso é terrível. Difícil recomeçar tudo de novo, a coragem não é infinita, o destino ajuda, a sorte aparece na hora exata, mas tudo é cobrado, tudo tem um preço, nada é de graça, disso hoje tenho certeza absoluta. Eu também paguei, disso já falei bastante, mas ainda devo, devo muito, devo o amor que nunca soube dar ao meu Velho, minha imensa tristeza e o meu pior remorso. Como lhe falar isso agora? Adonai, ajude-me! "Ness gadol haiá sham". Um grande milagre ocorreu.

lunedì 18 gennaio 2010

oi, Gigi


viu,os comentarios de muitos amigos teus e outros meus que voce nao conhece, e como acharam otimo que eu te escrevesse aqui? fiquei muito feliz com isto, imagino voce que ao ler,tambem ficou, quem sabe até rindo...de tua irma, mas gosta tenho certeza. Sabe eu nao por somente alguns trechos de teus livros ou alguns de teus blogs, vou, como estou fazendo agora, falar com voce. Se nao porque ter feito este blog:)))

me diz uma coisa, là por onde voce anda tambem faz muito frio? aqui, muito.
Estou feliz porque Dominique ainda vai ficar alguns dias, poucos, Marco e Jan tambem. Pena que eles tem que voltar à Holanda.
eu vou ficar outra vez sozinha. Espero que venham, como ja me disseram, em Abril.
Vou tratar de recomençar a pintar...é que com tudo que aconteceu no ano passado, - que bom que ele ja se mandou! - eu nao pude mais pintar. Perdì a harmonia, o equilibrio, o caminho, meu horizonte fechou...e a cabeça, o espirito e tudo, tudo de repente desapareceu...me senti perdida, vazia. Nao entendi mais nada.
O mundo desmoronou ao rededor de mim, e dentro de mim. Me ajuda a encontrar-me outra vez, meu querido.
Bom nao quero te entristecer assim que somente vou te perguntar se viu e gostou das fotos que coloquei de nossa mae e de tua amada Lia, no ultimo texto que pus aqui?
acho que sim! linda aquela foto de voce segurando a carinha de Lia, e eu tambem estou ali, viu? um quadro meu atràs!!!!sou eu....
e com estas palavras, te deixo dormir e eu tambem vou fazer a mesma coisa, mesmo se è muito possivel que nossas horas nao coincidem:) um beijo um pouco "frio" como o vento que esta soprando aqui, mas com muito amor.Atè amanha.

P:S estou mandando uma foto que Mauro fez, uma composiçao de todos nos e ate com quadros meus e esculturas da Dominique, tenho certeza que vai gostar. Outro beijo.

domenica 17 gennaio 2010

outras linhas mais de Memorias....


Por trás de cada homem de sucesso
sempre tem uma mulher valorosa.
Meu sucesso foi discutível,
não por falta do poder feminino


Estou cometendo um pecado imenso, sendo egoísta no começo das minhas recordações. Falei muito de mim, demais, apareci como um lobo solitário, autêntico herói hesseano, vencedor e derrotado ao mesmo tempo, uma imperdoável ilusão, mentira e safadeza. Nada mais errado e enganoso.
Minha mãe, deu-me a vida, minha maior lembrança dela é a sua beleza, sua elegância, mais tarde o choque da decadência gradativa, paulatina, imperceptível, trágica e triste. Uma característica dela era ser ecumênica de verdade, dizia que para rezar qualquer templo servia, entrava em qualquer igreja de qualquer credo. O que hoje reconheço e percebo, é que não fui bom filho, não o filho que meu pai fora, amoroso, carinhoso e respeitador, eu nunca soube retribuir o amor materno.. Verdade era, que superprotetora, até uma certa idade isolou-me do mundo de fora, fiz o primário inteiro em casa, governantas para mim e minha irmã.
Nada disso importa agora, o que importa era seu carinho.
Casou-se, como era praxe naqueles tempo, em união arranjada, meu pai já era rico e ela, órfã de pai e mãe. Assisti muitas brigas entre eles, mas ele a paparicava, era um bom marido, se o amor apareceu entre os dois, não sei dizer, não me lembro de beijos e abraços entre eles. Sei que se amaram no ocaso da vida e para mim isso é um consolo.
Um grande espaço... Fui para o colégio inglês, via a família nas férias, guerra e fuga nos separaram, confesso culpa, nunca saudades. No reencontro no Rio, não me lembro de emoção da minha parte, minhas emoções são retardadas. Formei-me, casei-me, vieram os filhos, os netos. Ela ficou doente, sua pressão sanguínea elevada, a ida aos Estados Unidos para a operação milagrosa sem efeito, com conseqüências desastrosas, o vício da morfina, eu em viagens de trabalho, contatos esparsos, o amor dela dirigido à nora e aos netos, a decadência monetária da família, a idade fazendo estragos... Faleceu em 1973. Eu, de muito longe, voltei apressado para o enterro, não chorei... Agora, depois de anos de sua morte, escrevi poemas sobre e para ela, amo-a agora como nunca amei em vida, conheço-a agora como nunca a conheci, uma verdadeira dama, uma mulher maravilhosa. Se Deus é caridoso, que a faça ler o que escrevo, se é milagroso que a faça ouvir: te amo, mãe Elena!
Eu nasci primeiro, minha irmã, quase dois anos mais tarde, Myra. O irmão mais velho sempre é uma peste, a irmã é inexistente e nada vale, crescemos juntos, quase estranhos, sei que eu me encantava com os livros dela, a coleção Comtesse de Ségur, todos éramos grandes leitores. Um ano depois de eu estar na Inglaterra, ela também foi enviada para lá, para um internato, tenho certeza, tão nobre e aristocrático quanto o meu. Visitei-a poucas vezes, um perfeito egoísta e safado. No pré-guerra, como já contei, ela voltou com os pais a Bucareste, passou com eles pela fuga por Lisboa, até o Rio de Janeiro. Eu pouco externava meu amor fraternal. Conheceu meus amigos do remo, ficou noiva do Elio, não deu certo, namorou um outro, casou. Aprendeu o ofício da cerâmica, pintura, acabou por divorciar-se, voltou para o Rio, ao seio da família. Convém mencionar que: primeiro, o meu pai a sufocava com o seu amor, ela e minha mãe eram cão e gato, e naquele tempo, mulher descasada era pária, a família vigiava como se donzela continuasse. Uma relação com homem solteiro era pecado mais do que mortal, grande heresia, ela apaixonou-se por um cidadão italiano, quase vira personagem de uma segunda tragédia shakesperiana. Continuava com a pintura, reconheci nela muito talento, se casou com um erudito mexicano para uma nova liberdade, viúvo com quatro filhos, não o conheci pessoalmente. Mudou-se para o México, fez muito bem, a família era um estorvo, meu pai inconsolável, o marido mexicano, mais tarde fundador e diretor de Museu de Arte.Tempos mais tarde, ficou viúva.
O que escrevi até agora parece mais um relatório do que a descrição de uma relação de amor e amizade. A convivência foi pouca, o amor existia, mas escondido. Já devem ter percebido que eu não sou, ou melhor, não era, um cara muito efusivo em demonstrações de sentimento, mas quando foi preciso, sempre estive ao lado dela. Muitas vezes ela vinha ao Rio mas não permanecia por longo tempo, se correspondia muito com meu pai. Eu nunca escrevia, só tinha notícias dela pela voz do velho e ela enviava, a mim e aos meus filhos, suas pinturas. Estabeleceu-se em Xalapa, cidade afastada da capital, lecionou na universidade local, a pintura, sua paixão eterna. Minha sobrinha Dominique, a quem quero muito, casou-se em segundas núpcias com um jornalista holandês, deu à minha irmã três netos, vieram ao Rio duas vezes, bela família. Como o seu genro foi enviado pelo jornal à Itália, minha irmã mudou-se para Roma e, por desgraça do destino, a filha, o genro e os netos mudaram-se para a China, ela ficou na Itália, sozinha e triste. Mas ela é uma Landau, tem fibra, gana, teimosia, muita coragem e vive, na pintura, a paixão de sua existência. A última vez que a vi foi no Rio em 1994. Não sei se vamos nos rever, meu Deus, agora eu choro, nenhum dos dois tem posses para viajar e nem saúde física ou mental para tal empreendimento. Felizmente a informática encurtou o tempo e a distância, nos comunicamos por e-mail, o que é um enorme consolo. Minha irmã é uma mulher extraordinária, tem coragem para dar e vender, tem talento de sobra, fala e escreve em três línguas com perfeição absoluta, espanhol, italiano e francês, não sei se ainda se lembra do alemão, se ainda domina bem o inglês, mas creio que sim e, ainda, sabe o português e lembra-se do romeno, que eu já esqueci faz tempo. Sua cultura é vasta, é mil vezes mais inteligente que eu, é poetisa, escritora, um monumento de pessoa com menos de 1,70m de altura e eu sou um irmão desnaturado que a ama muito, e meu Deus, como desperdicei momentos de ternura, soeur Myra, comme je t'aime!


...no Colégio Andrews, na Praia do Botafogo. Foi lá que a conheci, uma colega de estudo, amor fulminante da minha parte, sabia que seria minha. O nome dela: Lia. Eu com quase dezenove anos, ela um "brotinho" de dezesseis aninhos. Era e ainda é, um modelo de beleza, e, ainda por cima, de uma inteligência genial. Era tão bela, que eu ouvia com orgulho e um pouco de raiva "como é possível menina tão bonita namorar um rapaz tão feio!". Introduzi-me na família dela, o pai boa praça, os meus a conheceram e logo gostaram dela. O complementar findou, o vestibular era o outro passo. Eu levei "bomba", ela passou com louvor para a Faculdade de Filosofia, foi estudar Matemática e eu fui melhorar meu QI num curso para o vestibular seguinte. Como a vida não dá sopa, o pai dela foi transferido para o Paraná, na cidade de Castro, e eu fui cursar Engenharia em Itajubá, Minas Gerais. .Casamos em janeiro de 1950. Ela foi uma companheira extraordinária sempre e quando foi preciso, trabalhou e ajudou-me. Comigo afastado por necessidade da família, criou os nossos filhos com dedicação e muito amor, foi ela o chefe da família. Eu sempre digo e afirmo, casar-me com Lia foi a única decisão acertada na minha vida, deu-me uma herança maravilhosa, filhos perfeitos, lindos e superinteligentes, e afirmo perante o que mais há de sagrado, morreria por ela com alegria. ... socorreu-me nas minhas mais profundas tristezas e depressões, deu-me motivos de sobra para eu agradecer por estar vivo. Lamento até hoje não ter ouvido seus conselhos e premonições, mulher é mais sábia e instintiva que o homem. Em janeiro de 2000 fizemos cinqüenta anos casamento, fomos muito felizes e ainda somos e seremos. Jeová e Cristo batem palmas e sorriem. Lia, te amo!

sabato 16 gennaio 2010

mais um pedaço de Memorias Tumultuadas



A História nunca se repete
no tempo e no espaço,
mas morte, dor, desgraça
não dão descanso.
Marcam-nos com ferro em brasa,
gado para o abate.

Em agosto de 1939 estávamos em Aix les Bains,
Hitler já fazia das suas.
A França decretou a Mobilisation Generale, a
eminência da guerra prevista. A debandada foi
geral, da noite para o dia a cidade esvaziou-se, a
família viajou num trem superlotado até Paris.
Reunida no Hotel Scribe, tomou decisões, eu
voltaria para o school, o resto para Bucareste. A
confiança na linha Maginot era um fato
indiscutível, intransponível.
...............................................................................
Apesar de sermos judeus e a Romênia já estar
dominada pelo partido nazista local -- a Guarda de
Ferro - meu pai acreditava que os
alemães seriam derrotados .
.................................................................................
Em setembro a Polônia
foi invadida, a guerra declarada. Eu no english
school, a família em Bucareste.
Avisado por um amigo influente, que no dia
seguinte haveria caça aos judeus de posse, à
semelhança do acontecido em a Noite dos Cristais,
de Berlim, meu pai, minha mãe e minha irmã
abandonaram de imediato Bucareste, deixando para
trás, tudo, absolutamente tudo, roupas,
apartamento mobiliado, fábrica, loja, parentes e
fugiram com a roupa do corpo. Novamente em Paris.
À medida que os alemães avançavam, a família
descia, acabou em Biarritz e, de lá, em Lisboa, o
que só foi possível com muita propina, abençoado
dinheiro, no fim, o Rio de Janeiro.
Eu estava ainda matriculado no school.
Fizera o exame para ingressar
numa faculdade de Oxford e viajava com freqüência
para Londres. Recebi um aviso do meu pai para me
preparar para o encontro no Rio. Saí do school com
armas e bagagens, registrei-me no Cumberland Hotel
em frente ao Marble Arch, com entrada para o Hyde
Park.
A guerra ainda não evoluíra com
muita violência, morriam mais atropelados nas ruas
que no front. De repente o débâcle, a retirada de
Dunkerque, a invasão eminente da Ilha, Churchill
com sua retórica heróica, o mês de abril decisivo.
Os alemães não invadiram, decidiram destruir a
Inglaterra por ar, as bombas chovendo sobre
Londres. No início de dezembro peguei meu
passaporte carimbado para o Brasil e a passagem
marítima, viajei para Southhampton, embarquei no
Andalucia Star, navio da Blue Star Line, sete dias
por mar sem ser comboiado, escapei dos submarinos
alemães. No dia 17 de dezembro de 1940
desembarquei no Rio de Janeiro às 21 horas, a
família reunida.
C'est ça!

imagem - Cumberland Hotel

cada quem atras de sua computadora

lendo e relendo encontro coisas...

oi, olha estou relendo teu livro Memorias Tumultuadas,
e acabo encontrando - eu tinha esquecido a primeira vez que li teu livro , li rapido demais, toda emocionada por tudo quanto voce conta de tua, de nossa vida, dos nosso pais, de nossa infancia e adolescencia...- voce teve uma vida incrivel cheia de aventuras boas, ruins, mas sempre com uma coragem enorme, meu querido, e agora lendo estas linhas que voce escreveu para mim, nao imagina como fico comovida..
sabe de uma coisa
eu nunca imaginei que voce, me admirava e me amava tanto assim...OBRIGADA.
Sera vaidade ou felicidade , mas eu vou publicar este pedaço!!!
Obrigada meu querido Gigi....
P.S mas isto nao quer dizer que - voce sabe que eu salto de um lado para outro como tenho saltado de um pais a outro:) - bem queria dizer que saltando por aqui e por ali, vou colocando sem nenhuma ordem pedaços de teu livro. Acho que voce esta cansado de saber que nao sigo nenhuma ordem nem lei!!
amo-te!!!!!!

venerdì 15 gennaio 2010

um trecho de MEMORIA TUMULTUADA



primeira parte

Seguro as lagrimas
mas meus pés dançam
Nao mais me desespero
Dezembro 1940 - Rio deJaneiro
o blackout, o negro desaparecido
sao luzes que me iluminam

Não sou fujão, nem covarde, nem herói, sou um desgarrado, talvez desertor, mas quem vai me julgar? Os heróis estão enterrados em vala comum, não só judeus, cristãos também. Os mortos e vivos podem ser contados, os desgarrados nunca, porque não são nem vivos, nem mortos, são como fantasmas. Minha fuga começou em 37, mas eu não sabia, só a perceberia muitos anos mais tarde.
Meu pai, minha mãe, minha irmã saíamos para as férias, todo o ano saíamos, sempre o mesmo trajeto, levados pelo Orient Express: Hungria, Áustria, norte da Itália, Suíça, França, parada final Paris, hotel Scribe perto da Place de L'Opera. O velho tinha bastante dinheiro, aliás, tinha muito para nos hospedar no Ritz, no Athené, no Crillon, mas ele dizia que o Scribe tinha atmosfera, que era onde Hemingway se hospedara depois da guerra de 18. O velho era muito esperto, tinha que ser. "Eu já era rico, judeu rico tem passaporte para vida", ele dizia. "Eu era soldado raso, da cavalaria romena, judeu não podia ter patente, nem cabo, nem sargento, eu me dava bem com os coronéis, perdia no pôquer, eles eram sempre os ganhadores, na véspera das batalhas eu era destacado para tomar conta dos estábulos, todos os judeus dos regimentos morreram com tiros nas costas".
Até hoje não sei se o admiro ou se me envergonho dele, rumino essa coisa, como rumino o fato de eu ter escapado do holocausto, mas me diga, afinal a vida não é uma dádiva divina? Os kapos, judeus carrascos dos próprios judeus nos campos de concentração, também não tinham direito à vida? Onde está o limite? Consolo-me por saber que não tive escolha, levado pelo destino.

giovedì 14 gennaio 2010

fado - poema de myra para dois meninos - foto Dominique Landau


era uma vez uma criança
alma enjaulada
querendo escapar
portas janelas
para que?
se nao se abrian
fechadas ou abertas

falso sentimento
do eterno

coisas quebradas
gente mar alegria
menino

coisas quebradas
por um adeus
oh!Deus

da vida oxidada
dentro do mar s^eco
a flor que ele nao viu

infancia imortal

pressentimento
de uma imaginaçao morta

fado
odioso
fazer-se
desfazendo-se

absoluto silencio

mercoledì 13 gennaio 2010

falarei amanha de dois meninos que nao tiveram tempo....

boa noite, sabe eu tive um momento de duvida se continuar a te escrever ou nao...mas eu sinto a necessidade de me comunicar com voce, aonde quer que voce esteja, nadando ou voando num lindo ceu azul...
nem preciso te dizer a falta que voce me faz apesar de sentir voce tao perto de mim e por isto mesmo, sim, vou continuar a falar com voce, porque nao me importa o que as pessoas ao lerem, pensem que estou meio doida, ou que deveria deixar voce em paz. Nao me importa.
Mas qual paz, mais linda de que esta, o amor e as saudades que tenho. Que? isto nao sera paz para voce? saber quanto te amo e que sempre estàs e estaras aqui comigo como sempre foi, mesmo quando a vida nos teve separados quasi sempre? e sabe de uma coisa, acho que separados estivemos ainda mais perto que quando estavamos no Rio, juntos. Parece exquisito, mas é assim...
amanha vou escrever um poema lembrando aos nosos meninos , o teu Alexandre e o meu Elin. Eles , com certeza estao ali perto de voce te dando agora uma grande alegria. Claro que para mim, ainda è muita tristeza como foi para voce, porém o teu Alexandre agora esta rindo e brincando com voce! tenho certeza.
Nao vai ficar triste quando ler o meu poema. Senti a necessidade de colocar estas linhas dedicado a eles dois que nao tiveram a sorte de realmente crecer e amarnos... mas agora, sim....
ate amanha, meu querido "gemeo" como diz a nossa amiga Astrid.

trechos de Poema A Lua - Iosif Landau - 2009


IRMÃ DA LUA

...acordei do jeito certo, feliz de ter alcançado aquele estágio onde a dor é insuportável na mente, na alma, no interior, ao redor em cada átomo do meu imperial Eu e dói tanto que dou até a outra face com prazer, mas saiba que ainda te amo , não me lembro o nome, o corpo , a cara e continuo a procurar – te em todos os rostos, me chamam de louco e sou, vivo só, feito pião a te procurar

......................................................................................................................................................................
...e agora tudo está ameno como uma noite de primavera com cerejeiras e eu estou exausto e as cigarras cantam e eu vou até o Zig – Zag meu pé sujo se até ali consigo chegar pra contar a galera meu sonho de outono – primavera, sei que me perdoarão de imaginar tenta besteira, nunca ligam mesmo pras minha quimeras, me oferecem um copo de batida, mas eu quero atravessar a rua, quero ir pra casa, quero continuar a sonhar com a irmã da lua.

martedì 12 gennaio 2010

carta do Fred para o Gigi

Amigo querido,

Imagino-o em uma hipotética Ipanema celestial, onde há de existir uma sucursal do seu barzinho preferido, e que, na mesa ao lado, enquanto compõem uma nova canção, Vinicius e Tom trocam olhares invejosos por causa da morena carioca que se derrete embriagada com cada palavra da sua prosa cativante.

Provavelmente entre as nuvens você já não sente necessidade de acender um cigarro, e isso é bom, porque o maior erro que você cometeu na sua vida foi o de nunca renunciar a esse falso companheiro. Obviamente todos nós erramos muito na vida e uma vida sem erros deve ser muito chata, portanto não entenda que o esteja criticando, é apenas um registro que decorre da minha absoluta ignorância a respeito das coisas etéreas.

Essa minha ignorância poderia me induzir a lhe perguntar acerca de muitas coisas, mas você sabe que eu prefiro não perder a surpresa de descobrir cada coisa no tempo certo. Mesmo assim, sinta-se sempre à vontade para me visitar os sonhos, sobretudo se vier para contar as suas novas conquistas, declamar um novo poema, ler-me um dos seus contos.

Acho que você gostará de saber que me tornei amigo da Myra. Uma pessoa maravilhosa. Quem só o conhecia pela aparência, quem não conhecia o seu imenso coração, bem capaz de não acreditar o quanto você e a sua irmã são parecidos na essência.

Mas fico por aqui porque você já conquistou a eternidade e eu ainda preciso conquistar o jantar desta noite.

Abração do

Fred Matos

conversa de hoje


boa noite meu querido, viu ? o Fred ja te escreveu linhas muito bonitas.
E tenho certeza que outros amigos teus vao fazer a mesma coisa.
eu, vou tratar de te escrever todos os dias, mas tambem vou escrever, quem sabe algum poema, tudo sera dedicado a voce, logico, a algo, um acontecimento que tem que ver com tua vida e a minha. Eu preciso desta continuaçao de falar com voce todos os dias...
talvez seja "bizarre" de minha parte mas voce sabe como sou:)
hoje te mando tambem umas flores, alem de muitos beijos que vao te chegar , me imagino , com agua salgada:))))
estas flores estao no meu balcaozino e se ve algo daquilo que vejo dali, espero que voce goste de geranios que florecem tambem no inverno!!!! ainda bem que tenho estas flores, obvio tenho mais mas nao fotos. A fotografa otima , è tua querida Dominique que felizmente esta agora aqui comigo por uns dias mais.E nao sabe o quanto falamos de voce!!!!
ate amanha,

lunedì 11 gennaio 2010

livro de meu irmao

venerdì 8 gennaio 2010

MEMORIA TUMULTUADA - Iosif Landau - 2002

CAPA






















DEDICATORIA - aos meus netos


" eu sou o pao da vida, eu sou o pao vivo que veio de longe e voces dele comerao e viverao eternamente, eu sou a porta por onde sairam, dei-lhes vida, sou a videira e voces, sues frutos!.
palavras de um velho judeu descrente, mas com fé na eternidade dos seus descendentes. Voces sao contaminados pelo meu sangue gotejado pelo mar Morto ha quase seismil anos. Com certeza, entenderao muito pouco das minhas palavras senis,unm simulacro de salmo, pouco importa, algum dia se lembrarao delas. Voces se lembrarao até desta metàfora e saberao o que ela significa.
........para meus netos Carolina, Fernando,Roberto, Patricia, Paula, Joao, Julia e Laura, deixo-lhes como herança minha MEMORIA muito TUMULTUADA. Como num espelho, voces me verao. E me conhecerao como eu nao me conheci. Sem duvida, saberao do meu mais puro amor por voces, mesmo que aqui eu pouco fale de voces. Falsa impressao, pois pensei en voces em cada palavra que escrevi e a voces ofereço minha vida revivida como o sacrificio dos meus ancestrais nos dias de festa, nas luas novas e aos sabados
SHALOM!

AO MARCO *
é sabido que nenhum judeu deve convencer um nao-judeu a se tornar judeu, mas que a conversao deve ser feita pela fé. Pergunto-lhe: fez os tres pedidos e foi aceito no terceiro pela sua conviccao sincera? Estudou sobre os costumes judaicos e sobre a historia do povo judeu? Recebeu um nome hebraico? nao preciso de suas respostas, a mim pouca diferença fazem, nunca segui os ritos, mas sei muito bem o que significa ser judeu, embora nunca soubesse dizer com absoluta certeza se é raça, povo, religiao ou apenas um estado de espirito. Talvez hoje seria uma naçao, talvez! As tres denominaçoes ainda confundem:judeu? hebreu? israelita? Dizem que é um Povo por causa das raizes biblicas, uma tradiçao milenar. E tambem uma Naçao, cuja formaçao remonta à antiguidade, a terra de Israel prometida ao primeiro patriarca Abraao. A situaçao é confusa, tao confusa, que uma velha judia, emigrando da Europa para Israel, voltou desencantada, dizendo que em Israel nao havia mais judeus, apenas israelitas. Entendeu? é o antigo e o novo. Do antigo entendo um pouco, do novo voce terà que entender. Que seja feliz. Te abraço, te beijo e te amo.

SHEMA ISRAEL!
* estas palavras foram escritas pelo meu irmao quando Marco fez o Bar-Mitzva na China, mas acho que tambem poderiam ser ditas para o Mauro quando este fez o Bar-Mitzva no Rio de Janeiro. Marco e Mauro sao meus netos.
E eu penso igual que meu irmao.

CONTRACAPA



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TALVEZ eu continue copiando algo deste livro que é tambem um pouco ou talvez muito
de minhas MEMORIAS igual de TUMULTUADAS


site de meu irmao:
www.iosiflandau.com
5 commenti

Poema sem Fim Revive 17 - Iosif Landau - 2007


...e debaixo de um sol de fritar ovos

passeio, alamedas arborizadas,

túmulos e jazigos,

palácios de monumental cafonice,

sombras sem formas,

lapides castigados,

“aqui jaz um assassinado por todos os sexos”

flores murchas,almas em debandada,

destino abandonado ao destino,

“quero estar vivo nem que seja numa latrina”

um adeus solene,


soldado véspera da batalha,

“adeus às armas!”

deixo meu abraço, meu cansaço,

“aqui podem mijar a vontade”,

minha cabeça zigzagueia,

pensamentos, palavras acorrentadas,

a corrente se romperá,

mergulharei num fosso fedorento

esculpido em esterco,

não tenho pra onde ir,

longo suspiro escapa da boca,

os olhos se apagam,

fui!

domenica 10 gennaio 2010

ao meu irmao, aos seus amigos

oi, Gigi, aqui estou, acabo de fazer este espacio para falar melhor com voce.
Sei que voce vai receber e ler, aonde seja que voce se encontrar e aqui mesmo
bem pertinho de mim. Atràs da computadora. Como durante tanto tempo...
vou mandar este endereço aos teus seguidores amigos, e sabe de uma coisa?
vou tambem, depois de escrever algo, ou por alguma coisa que voce escreveu
vou continuar a comentar!
por enquanto espero que voce nao fique "chateado" ( : )
com tua ideia fixa, como me chama!!!! ate ja