venerdì 15 gennaio 2010
um trecho de MEMORIA TUMULTUADA
primeira parte
Seguro as lagrimas
mas meus pés dançam
Nao mais me desespero
Dezembro 1940 - Rio deJaneiro
o blackout, o negro desaparecido
sao luzes que me iluminam
Não sou fujão, nem covarde, nem herói, sou um desgarrado, talvez desertor, mas quem vai me julgar? Os heróis estão enterrados em vala comum, não só judeus, cristãos também. Os mortos e vivos podem ser contados, os desgarrados nunca, porque não são nem vivos, nem mortos, são como fantasmas. Minha fuga começou em 37, mas eu não sabia, só a perceberia muitos anos mais tarde.
Meu pai, minha mãe, minha irmã saíamos para as férias, todo o ano saíamos, sempre o mesmo trajeto, levados pelo Orient Express: Hungria, Áustria, norte da Itália, Suíça, França, parada final Paris, hotel Scribe perto da Place de L'Opera. O velho tinha bastante dinheiro, aliás, tinha muito para nos hospedar no Ritz, no Athené, no Crillon, mas ele dizia que o Scribe tinha atmosfera, que era onde Hemingway se hospedara depois da guerra de 18. O velho era muito esperto, tinha que ser. "Eu já era rico, judeu rico tem passaporte para vida", ele dizia. "Eu era soldado raso, da cavalaria romena, judeu não podia ter patente, nem cabo, nem sargento, eu me dava bem com os coronéis, perdia no pôquer, eles eram sempre os ganhadores, na véspera das batalhas eu era destacado para tomar conta dos estábulos, todos os judeus dos regimentos morreram com tiros nas costas".
Até hoje não sei se o admiro ou se me envergonho dele, rumino essa coisa, como rumino o fato de eu ter escapado do holocausto, mas me diga, afinal a vida não é uma dádiva divina? Os kapos, judeus carrascos dos próprios judeus nos campos de concentração, também não tinham direito à vida? Onde está o limite? Consolo-me por saber que não tive escolha, levado pelo destino.
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"Onde está o limite? Consolo-me por saber que não tive escolha, levado pelo destino."
RispondiEliminaÉ sempre comovente ler o Iosif, um homem com uma rara compreensão da natureza humana e da vida.
Beijos, Myra.
e como!!!!
RispondiEliminaobrigada, Frd, vejo que voce conecia ele muito bem,
un grande beijo
Estou a visitar-te pela primeira vez neste teu GIGI e MYRA.
RispondiEliminaLi esta crónica de hoje.
Estou arrepiado com a forma como o teu irmão descreve tudo.
Atá parece que não esteve lá a viver essas horas terríveis.
Um beijo.
Uma vez ele me contou o quanto este fato o incomodava, de não ter lutado.
RispondiEliminaAcho interessante Myra, que estive ligada a ele, e agora a você. E dizia a ele que tinha a sensação de já ter conhecido ele antes. E agora através de você releio as histórias deles, a vida dele, a memória dele.
Vou caminhando com você. beijo
myra!
RispondiEliminaEle tinha razão "a vida é uma dádiva divina".
Custei a chegar aqui,mas confesso que gostei do que li.
A foto que colocaste de voces dois está linda!
A tua sobrinha é parecedíssima contigo, já devem ter dito...
Um beijo
obrigada a todos voces, meus amigos e amigas, meu irmao vai ficar bem contente de ler as suas palavras!
RispondiEliminagrandes beijos,
"seguro as lágrimas
RispondiEliminameus pés dançam"
Belo Myra. Um beijo
Gisela, meu irmao é um enorme poeta além de ser um homem excepcional, em tudo...
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